Cronologia
Década de (19)50 do séc. XX: Fundação e início da construção do Museu de Santa Maria de Lamas (MSML), promovida e financiada, em exclusivo, por Henrique Alves Amorim (1902-1977).
1950 a 1953: Período de maior pesquisa, recolha e aquisição por parte de Henrique Amorim, dos elementos da vasta e valiosa Coleção de Arte Sacra Portuguesa do Museu - um dos seus segmentos expositivos mais amplos, distintos e valiosos, dividido em “sub-coleções” que se distribuem por diversas áreas, linguagens, cronologias, períodos criativos e cultuais da História da Arte e da Religião. Na sua globalidade, a Talha dourada, a Imaginária, a Pintura, as Estampas (com “Água-forte”, Xilogravura e/ou Litografia de Iconografia religiosa); os Missais, os Ex-votos, a Paramentaria, as Alfaias e os Objetos de uso Litúrgico que integram esta Coleção, foram adquiridos, na sua maioria, em território lusitano. Diretamente em espaços religiosos intervencionados / extintos / expropriados de bens artísticos; hastas públicas; “Residências, Igrejas / Capelas particulares” ou Antiquários. Sobretudo no Porto, Póvoa de Varzim, Viana do Castelo, Braga, Viseu ou Vila Nova de Famalicão.
1953 a 1959: Momento cronológico que marca o início e o fim dos trabalhos construtivos da primeira configuração expositiva e estrutural do edifício do MSML (à época, restrito apenas às primeiras quatro salas do piso superior e à “Sala da Capela de Delães” do Museu atual – englobando a própria zona de “Entrada / Receção” deste edifício). Um complexo arquitetónico que, desde os primórdios da sua existência, caracteriza-se pela proximidade do seu traçado, estética e envolvência exterior aos princípios “conservadores” da arquitetura pública da época, regrada pela ideologia nacionalista do “Estado Novo” (1926-1974). Assente na trilogia de valores: “Deus, Pátria & Família” - pela qual Henrique Amorim nutria uma “devoção acérrima”, profundamente pessoalizada.
1959: Em 05 de março, numa atitude reflexiva do seu perfil filantrópico e de apreço pelo desenvolvimento cultural de Santa Maria de Lamas e da sua população, o Fundador do MSML procedeu à doação deste espaço museológico e respetivo acervo histórico, artístico, científico, etnográfico e industrial para a Casa do Povo de St.ª M.ª de Lamas. Uma entidade que, desde esse dia até à contemporaneidade, se preserva como “instituição tutelar” deste Museu sui generis. Tal como já foi referido anteriormente, no momento cronológico supra indicado e intitulado “1953 a 1959”, em virtude do término da sua primeira fase construtiva, nesta doação patrimonial, em termos de arquitetura e acervo exposto, o MSML possuía apenas “o pavilhão onde existia a Casa de Numismática, a Capela alta, a Galeria dos Arcos com o teto em pinturas e a Capela funda” – denominadas, com maior regularidade a partir de 2004 e até aos dias de hoje, pelos termos: “Sala 0 – Receção”; “Sala 1 – Sala de Nossa Senhora do “O” (correspondentes à antiga “Casa de Numismática”); “Sala 2 – Sala da Capela” (anterior “Capela Alta”); “Sala 3 – Sala dos Evangelistas” (resultante da “Galeria dos arcos com o teto em pinturas”). E, por último, a “Sala 16 – Sala da Capela de Delães” (alusiva à “Capela Funda”).
1968: Como poderá comprovar a inscrição visível no solo do pórtico de entrada no complexo exterior do MSML - que associa o nome do Fundador, “Henrique Amorim”, à referência cronológica “1968” - será datável deste ano a devida conclusão da segunda fase construtiva deste edifício museológico. Assim sendo, em 1968, o Museu “inaugurou” a sua planimetria final de dezasseis salas, distribuídas por dois andares e “preenchidas por mais de mil e setecentas peças”. Toda esta vastidão expositiva acabaria por continuar a crescer, de forma pontual, e a “moldar-se” entre 1968 e a própria morte de Henrique Amorim, nove anos mais tarde em 1977. Embora não exista uma escritura de doação similar à de 1959 e atualizada em virtude desta segunda fase construtiva, todo o património anexado ao MSML desde aí, passou também a integrar a tutela da Casa do Povo de Santa Maria de Lamas. Referido como “seu”, em vida, mas sempre ao dispor da fruição cultural da comunidade, todo este acervo foi “legado” desde 1959, por única e exclusiva vontade de Henrique Amorim – complementada pelo próprio “Testamento pessoal” de 1977 – à instituição fundada por sua iniciativa, dez anos antes, em 1958, apoiada pelo grande defensor do “Corporativismo e das Casas do Povo” do “Estado Novo”. O seu amigo e conterrâneo lamacense, Henrique Veiga de Macedo (1914-2005).
1977: A morte do seu promotor, Henrique Alves Amorim, ocorrida em Santa Maria de Lamas no dia 20 de fevereiro, marca o início de um longo e “penoso” período de vinte e sete anos de “semi-adormecimento” (1977 a 2004), no tratamento e conservação deste Museu. Provocando a decadência e a degradação, por patologias diversas, práticas e opções incorretas, de variadas áreas expositivas e quadrantes deste acervo.
De 2004 aos dias de hoje: Recuperado a partir de 2004 através do “Projeto de Reorganização Museográfica do MSML”, nascido de um protocolo celebrado entre a instituição tutelar do MSML (Casa do Povo de Santa Maria de Lamas) e o Departamento de Arte e Conservação e Restauro da Universidade Católica Portuguesa, o Museu afirma-se como espaço de reflexão, estudo, partilha e interpretação de uma realidade que moldou a história de uma terra; e de um património que acompanhou o gosto e a evolução secular de um país. Da planimetria final de dezasseis Salas que constituem a totalidade do perímetro, área arquitetónica e expositiva do MSML, na atualidade, dez espaços e respetivo acervo, após conservação e restauro, restruturação, estudo e organização museológica e museográfica, já se encontram acessíveis à total fruição do público. Restam assim seis áreas expositivas que se encontram em processo interventivo (do ponto de vista estrutural e do seu espólio), na atualidade e que integram, a curto, médio ou longo prazo, os projetos “em curso” / futuros do MSML.
2018: A 29 de agosto de 2018, através do despacho nº 8325/2018 do Ministério da Cultura, o Museu de Santa Maria de Lamas integra a Rede Portuguesa de Museus.
8 de julho de 2019: O Museu de Lamas adota uma nova identidade visual que reflete o novo ciclo da sua história, um ano depois de ter integrado a Rede Portuguesa de Museus (RPM). A nova identidade visual inclui um novo logótipo, com linhas mais simples, em que a estilização do edifício, construído nos anos 50 do século XX, assume particular destaque. Com esta evolução gráfica, o Museu redefine o seu posicionamento e assume o objetivo de se transformar num centro cultural de referência, multidisciplinar, que alia futuro, tradição e memória.