Exposição Permanente e Acervo
Recuperado a partir de 2004 através do “Projeto de Reorganização Museográfica do MSML”, nascido de um protocolo celebrado entre a instituição tutelar do Museu de Santa Maria de Lamas (Casa do Povo de Santa Maria de Lamas) e o Departamento de Arte e Conservação e Restauro da Universidade Católica Portuguesa, da planimetria final de dezasseis Salas (datável de 1968 / 1977) que constituem a totalidade do perímetro, área arquitetónica e expositiva do MSML, na atualidade, dez espaços e respetivo acervo, após conservação e restauro, restruturação, estudo e organização museológica e museográfica, já se encontram acessíveis à total fruição do público. Restam assim, na atualidade, seis áreas expositivas em processo interventivo.
Peculiar, amplo e valioso, o Museu de Santa Maria de Lamas é o exemplo de um Museu criado organicamente, seguindo a ordem da aquisição das peças (na sua maioria, em território luso, diretamente em espaços religiosos intervencionados por ação clerical ou da Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), hastas públicas, “residências particulares” ou antiquários, situados no Porto, Póvoa de Varzim, Braga, Viseu ou Vila Nova de Famalicão), e adaptando os seus espaços às mesmas. Criando um perímetro “expositivo e cenográfico” repleto de obras e objetos organizados por proveniências ou afinidades estilísticas este, é um acervo plural, dinamizado por uma dicotomia constante de “Cultura erudita e popular” que preserva, arquiva e exibe no decurso da sua “Exposição Permanente”, entre outras, Coleções de: Arte Sacra (sécs. XIII a XX); Artes Decorativas (sécs. XVII a XX); Iconografia do Fundador (ca. décadas de 40, 50, 60 e 70 do séc. XX); Pintura contemporânea (sécs. XIX e XX); Etnografia portuguesa (sécs. XIX e XX); Estatuária contemporânea (francesa: séc. XIX & portuguesa: sécs. XIX e XX); Fragmentos ligados às Ciências Naturais; Escultura em Cortiça e derivados (séc. XX); e Arqueologia industrial (ou seja, Utensílios / Engenhos / Maquinaria / Maquinismos de transformação corticeira, com utilização datável entre o séc. XIX e o início do séc. XX).
Destaque-se esta última coleção que, na globalidade deste acervo tão vasto e valioso em termos históricos, identitários e artísticos, além de evidenciar as potencialidades industriais e artísticas desta matéria-prima, a Cortiça e o seu processo de transformação (em momentos “primitivos”), reflete a identidade social e laboral da comunidade Lamacense e Feirense e constitui uma verdadeira herança cultural que o MSML visa conservar, estudar, difundir e valorizar de forma integral. Dada a ligação do Fundador do Museu, Henrique Amorim (1902-1977), à Indústria transformadora da cortiça, bem como à implantação do Museu em território corticeiro.